Proteção de dados

Falhas de grandes empresas impulsionam crescimento de startups focadas em privacidade

Problemas com vazamentos de dados em grandes empresas motivam o crescimento de empresas com foco em soluções para os usuários. Leia na íntegra.


Se é certo o que dizem que para toda porta que se fecha se abre uma janela, para startups como a Proton, fundada em 2013, isso de fato pode ser verdade. A empresa com sede na Suíça viu sua plataforma de clientes aumentar de forma exponencial nos últimos tempos devido à busca por soluções que não firam o direito à privacidade do usuário.

 

Com a gigante Facebook, agora Meta, envolvida em inúmeras questões de vazamentos de dados e falhas na proteção da privacidade de seus usuários, o tema privacidade de dados tem sido cada vez mais um debate importante: até que ponto vamos aceitar disponibilizar nossos dados a plataformas que negligenciam o tratamento destes dados?

 

Com essa pauta cada vez mais em voga, surgem novas necessidades no mundo digital que, aos poucos, estão sendo supridas por empresas que, ao se depararem com essas falhas por negligência de outras grandes da indústria, conseguem oferecer um serviço mais focado em dar suporte e segurança aos usuários em relação aos novos dilemas do momento.

 

Onde algumas veem problemas, outras conseguem ver soluções e conseguem crescer a partir disto.

 

Proton foca em soluções onde as concorrentes falharam e cresce

 

Neste ano a Proton virou um dos cases de sucesso em crescimento, visto que, viu sua base de clientes alcançar consideráveis 50 milhões de usuários em todo mundo.

 

Apesar de ainda não ser uma combatente à altura da gigante Gmail, do Google, que ostenta 1,5 bilhão de usuários ativos, a Proton tem sido uma referência em tratamento responsável de dados que vão desde a exclusão de anúncios direcionados à eliminação da coleta de dados pessoais. E ela não está sozinha.

 

Na última década surgiram inúmeras empresas com foco em tratamento responsável de dados, algumas inclusive, oferecendo benefícios adicionais, assim como a alemã Ecosia, que além de ser um mecanismo de buscas alternativo sem fins lucrativos, utiliza a verba adquirida de publicidade para o plantio de árvores e a francesa Lilo, que financia projetos ambientais e sociais escolhidos por seus clientes.

 

Signal vira alternativa para mensagens instantâneas

 

O aplicativo de mensagens Signal, teve um crescimento considerável neste ano devido às polêmicas envolvendo as mudanças nos termos de privacidade do Whatsapp e o navegador DuckDuckGo, que afirma não rastrear usuários, relatou um crescimento de 38% que representou uma média de quase 100 milhões de acessos diários no mês de outubro.

 

A francesa Qwant, mecanismo de buscas padrão do governo francês, relatou um aumento de 34% nas buscas no ano de 2020, enquanto a concorrente Brave afirma quase ter dobrado a sua quantidade de usuários chegando a 36 milhões nos últimos 12 meses, contabilizados até agosto.

 

Usuários estão dispostos a trocar de plataforma se necessário, afirma pesquisa

 

A empresa de privacidade de dados Transcend, fez uma pesquisa em 2020 e descobriu que 93% dos americanos estariam dispostos a mudar de plataforma caso tivessem a opção de escolher alguma que priorize a privacidade de seus dados, mostrando que, isso já é uma preocupação entre os usuários e a empresa que não começar, desde já, a viabilizar ações que considerem o tratamento responsável dos dados, estará a mercê do que hoje já é considerado um critério de avaliação na hora de escolher um produto ou serviço online.

 

Sridhar Ramaswamy, que era chefe da divisão de publicidade do Google, fundou a ferramenta de buscas Neeva, que não possui anúncios, e a ideia surgiu após ele considerar um incômodo as pesquisas carregadas de anúncios da antiga empresa e afirmou: "Nos sentimos bem por sermos capazes de criar um produto melhor (do que nossos rivais)".

 

Apesar do mar de oportunidades que existe hoje para empresas focadas em solucionar os problemas que outras do mercado não conseguem, ainda assim, nem tudo são boas notícias para elas.

A China e a Rússia, são alguns dos países que estão fazendo pressão para armazenar dados localmente e compartilhar estes dados com as autoridades, fazendo com que modelos de negócios como o da Pronton, sejam ameaçados.

 

A empresa, que foi proibida em Pequim e Moscou, enfrentou críticas após ter fornecido um endereço de IP de um usuário para uma investigação francesa que levou ativistas do clima à prisão, apesar de ter justificado ter sido obrigada a cumprir o pedido das autoridades suíças.

 

Apesar de alguns aplicativos serem gratuitos, outros como Neeva e ProtonMail, que cobram mensalidade dos seus usuários enquanto as versões gratuitas estão cada vez mais limitadas, estão causando certa desconfiança em uma parcela de usuários. Até que ponto a privacidade do usuário é respeitada na versão gratuita desses aplicativos?

 

Isso leva a uma pauta muito importante que se deve debater: será a privacidade, no futuro, um benefício de quem pode pagar por ela?

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