O uso da internet aproxima muitas pessoas e facilita o cotidiano, mas também pode trazer diversas situações desagradáveis, principalmente quando envolve a exposição de informações, conversas, fotos e vídeos.

 

A saúde mental pode ser prejudicada em meio a tantas informações e ao risco de ter a vida pessoal exposta na rede. Vazamentos de fotos e vídeos íntimos, além da exposição de informações pessoais e dados bancários, podem levar à baixa autoestima, estresse e diversos problemas relacionados ao emocional. 

 

Carlos Eduardo Pinheiro, psicólogo formado pela Ulbra, explica que os danos podem variar de acordo com a estrutura emocional da pessoa: "alguns casos podem ter uma resolução e a pessoa se reorganiza de forma mais rápida, todavia existem casos de pessoas que cometeram suicídio por ter a sua intimidade física e emocional exposta nas redes sociais". Ele observa que alguns danos possíveis são o  isolamento no ambiente de trabalho e o afastamento das atividades sociais e profissionais.

 

O caso mais comum observado por Carlos ainda é o de ex-namorados ou ex-cônjuges que expõem os parceiros na internet. São comuns em relacionamentos tóxicos, em que as pessoas, principalmente homens, fazem os vazamentos com intuito de ferir o outro. "Podemos observar a fala de um paciente que está em terapia: 'fiz isso com ela, não queria perder a nossa relação, mas como ela terminou comigo eu fui lá (internet) e postei todas as nossas fotos e vídeos com uma conta de email falsa", relata o psicólogo.

 

Para iniciar o tratamento de alguém que teve a sua privacidade exposta, o primeiro passo é acolher a dor do paciente e criar um vínculo, para que a pessoa sinta que pertence à terapia, segundo Carlos. Em seguido é avaliada a dimensão do trauma, a resiliência, a estrutura do ego e o núcleo social. 

 

As principais consequências dos vazamentos

 

Segundo Carlos, existem diversas doenças psicológicas que estão ligadas à invasão de privacidade na internet. São elas a depressão, o transtorno de pânico, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e as fobias. "Alguns estudos incluem casos como transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados, transtornos alimentares, transtornos relacionados a trauma e a estressores, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtorno dissociativo de identidade, entre outros", complementa.

 

O psicólogo observa, durante os atendimentos clínicos, que a sociedade está em um ritmo acelerado, em que tudo tem um prazo "para ontem". Também existe o hábito de publicar o cotidiano em tempo real nas mídias, que pode aumentar a ansiedade por estar criando alguma publicação e mostrando que tem uma vida interessante. Carlos recomenda que tenha cuidado com o nível de exposição, visto que em algumas situações isso pode prejudicar não apenas a própria pessoa, mas a rede de trabalho e social.