O que muitos não percebem é que a LGPD não é apenas uma formalidade burocrática. Ela exige que todas as interações com dados pessoais sejam feitas de maneira transparente e em conformidade com princípios éticos, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes. A responsabilidade recai sobre as empresas, que devem implementar medidas que garantam a segurança desses dados. No entanto, a realidade muitas vezes é outra: a identificação de crianças ainda se dá de forma nebulosa, sem a devida vinculação com os responsáveis, como se a proteção dos menores fosse uma mera questão de compliance.
É inquietante pensar que a proteção dos dados pode estar sendo utilizada como uma justificativa para a coleta excessiva de informações. Recentemente, surgiram discussões sobre a necessidade de verificação de idade online, que poderia exigir dados biométricos. Essa proposta não apenas levanta questões éticas, mas também fere a própria essência da LGPD, que busca proteger o cidadão da exploração de suas informações. A ideia de que, para proteger as crianças, precisamos entregar nossos dados a corporações é uma contradição que muitos ainda não conseguem enxergar claramente.
Além disso, a LGPD deve ser um guardião contra abusos, não uma ferramenta de controle. O medo de que a lei seja usada para justificar práticas que invadam a privacidade das pessoas é palpável. A resistência contra a coleta indiscriminada de dados é um reflexo do desejo de liberdade em um sistema que muitas vezes parece priorizar interesses corporativos em detrimento do bem-estar do cidadão. Afinal, a quem realmente serve essa regulamentação?
A luta pela proteção de dados é, portanto, uma batalha constante entre segurança e liberdade. É fundamental que a sociedade se mantenha vigilante e crítica, questionando as práticas das empresas e exigindo que a LGPD seja cumprida em seu espírito e letra. Somente assim poderemos garantir que a privacidade não se torne uma mera ilusão em um mundo cada vez mais digital, onde todos os nossos passos estão sob vigilância.