Em um momento em que a transformação digital redefine a forma como nos relacionamos e interagimos, surge uma questão fundamental: como garantir a privacidade em meio a tantos dados sendo coletados? A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) se apresenta não apenas como uma regulamentação, mas como um verdadeiro guardião da privacidade, especialmente para os grupos mais vulneráveis. Em uma sociedade marcada por desigualdades de raça, gênero e classe, a proteção dos dados pessoais se torna uma questão de direitos humanos.

Imagine um casal lésbico que, ao buscar serviços de saúde, é confrontado com perguntas invasivas que vão além do necessário. Ou uma pessoa com deficiência que, ao acessar serviços públicos, se vê exposta a uma coleta excessiva de dados. Esses cenários não são apenas hipotéticos; eles refletem a realidade de muitos brasileiros que, sem a proteção adequada, correm o risco de ver seus dados sensíveis tratados de forma irresponsável. A LGPD surge, então, como uma resposta a essa inquietude, estabelecendo normas claras sobre coleta, armazenamento e uso de informações pessoais.

No entanto, a implementação da LGPD enfrenta desafios. Em um grupo de discussão, um cliente questionou: "E como ficamos com os dados dos pacientes LGBTQIA+?" O silêncio que se seguiu evidencia a falta de compreensão sobre a importância da proteção de dados. Essa insegurança não é apenas uma questão de mercado, mas revela uma necessidade urgente de educação e conscientização sobre os direitos dos indivíduos. Afinal, a violação da LGPD não é apenas uma questão legal; é uma questão de respeito à dignidade humana.

Recentemente, uma situação inusitada aconteceu comigo. Ao abrir um novo CNPJ, recebi um spam de um agiota no WhatsApp, revelando que meus dados pessoais estavam em circulação antes mesmo da formalização da minha empresa. Essa experiência me fez refletir sobre o quão vulneráveis estamos e a importância da LGPD em proteger nossos dados. A violação de privacidade que vivenciei é um exemplo claro de que, sem a LGPD, as consequências podem ser devastadoras.

A LGPD é mais do que uma sigla; é um símbolo de resistência em um mundo onde a privacidade é constantemente ameaçada. Em tempos de liberalismo desenfreado e de um crescimento exponencial da tecnologia, precisamos nos unir para garantir que nossos dados sejam tratados com respeito e responsabilidade. Afinal, como já disse uma famosa cantora: "Por favor, não tente me encontrar através do meu dealer". Que a LGPD nos proteja e que possamos, finalmente, ter controle sobre nossas próprias histórias.