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LGPD: O Desafio da Transparência em Tempos de Dados Pessoais

Como a proteção de dados e a transparência podem caminhar lado a lado.


Na era digital, o acesso à informação é um direito fundamental, mas a proteção dos dados pessoais se tornou um desafio complexo. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi criada para proteger os cidadãos brasileiros de abusos, mas sua aplicação prática revela um paradoxo: como garantir que a transparência nas relações públicas não comprometa a privacidade dos indivíduos? Essa questão se torna especialmente crítica quando falamos de adolescentes, que frequentemente estão expostos a conteúdos prejudiciais nas redes sociais.

Um exemplo preocupante é a forma como plataformas como o TikTok lidam com perfis de menores. Ao categorizar esses usuários para direcionar conteúdos, a plataforma não apenas ignora o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas também desafia as normas da LGPD e do Marco Civil da Internet. É alarmante ver como essas práticas podem prejudicar o desenvolvimento saudável de jovens, que merecem um ambiente online seguro e respeitoso.

Além disso, a luta por transparência se estende a outras esferas, como no acesso a documentos legais. Muitos cidadãos enfrentam dificuldades ao solicitar certidões e outros registros, frequentemente limitados pela interpretação excessiva da LGPD. A necessidade de comprovar parentesco ou a censura de informações essenciais são obstáculos que transformam um direito em um verdadeiro labirinto. O parecer nº 00009/2022 da CGU e AGU destaca que a proteção e a transparência devem coexistir, mas na prática, essa coexistência parece uma miragem.

É crucial que as instituições compreendam que a proteção de dados não deve ser uma desculpa para a opacidade. A Lei 14.133/2021, que rege contratos administrativos, reforça que a publicidade deve prevalecer. Ignorar esse princípio em nome da segurança pode criar uma cultura de desconfiança e frustração, prejudicando a relação entre o cidadão e o Estado. O embate entre segurança e transparência não pode levar à censura, mas sim à responsabilidade nas ações.

Por fim, a aplicação da LGPD deve ser uma ferramenta de empoderamento do cidadão, permitindo que ele tenha controle sobre suas informações. A luta pela proteção de dados é, na verdade, uma luta por dignidade e respeito. É hora de unirmos forças para garantir que a privacidade e a transparência caminhem juntas, criando um ambiente digital mais seguro e justo para todos. Somente assim poderemos construir um futuro onde os direitos dos indivíduos sejam respeitados, sem abrir mão da transparência que fortalece a democracia.

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