Um usuário, ao abrir um chamado na operadora Vivo, se viu inundado por mensagens de outras operadoras, todas relacionadas ao mesmo assunto. Essa situação emblemática revela a fragilidade da proteção de dados que a LGPD deveria assegurar. Em um momento em que se espera que os dados pessoais sejam tratados com respeito, a sensação de estar sendo observado e abordado indevidamente por empresas é, no mínimo, desconcertante. Por que, então, a promessa de privacidade parece tão distante da realidade cotidiana?
A verdade é que, enquanto as empresas se apressam em coletar dados, muitos usuários se perguntam se a LGPD não é apenas uma sugestão, uma diretriz que, na prática, é ignorada. A ideia de que até mesmo detalhes íntimos, como o tempo que alguém passa no banheiro, possam ser monitorados, soa como uma piada de mau gosto. A ironia se torna mais evidente quando se nota que, em meio a toda essa coleta desenfreada, o verdadeiro respeito pela privacidade ainda está em débito.
Adicionalmente, o conceito de 'deadname', que se refere ao nome utilizado por uma pessoa trans antes da transição, ilustra como a falta de cuidado no manejo de dados pode causar danos emocionais reais. É um lembrete de que, por trás de cada dado coletado, existe uma vida e uma história. A falta de consideração e a despersonalização dos dados reforçam a urgência de um debate mais profundo sobre a implementação da LGPD.
Portanto, ao celebrarmos a LGPD, é fundamental questionar: como garantir que essa lei não se torne apenas uma boa intenção em meio a um mar de práticas descuidadas? A proteção de dados deve ser encarada como um compromisso sério, onde a privacidade do usuário é priorizada, e onde as empresas são responsabilizadas por suas ações. Afinal, a verdadeira transformação começa com ações concretas e não apenas palavras soltas em um documento. A LGPD deve ser a chave para um futuro onde a privacidade é respeitada, e não um conto de fadas que se dissolve na realidade do dia a dia.