Ao longo de minhas andanças pela cidade, escuto histórias que se entrelaçam com a frustração de quem se sente desprotegido. Uma colega, por exemplo, que decidiu comprar um item pela Amazon, logo se viu bombardeada por mensagens de golpe que continham seu nome completo e endereço. "Cadê a LGPD?", questionou, com um misto de raiva e desespero. A sensação de impotência diante do uso indevido de suas informações é uma realidade comum, que muitos brasileiros compartilham. A pergunta que paira no ar é: a LGPD realmente serve para algo?
O que muitos não percebem é que, por trás da promessa de proteção, existem lacunas que permitem que empresas e instituições abusem do sistema. Processos seletivos, por exemplo, frequentemente desrespeitam a privacidade dos candidatos, coletando dados sem a devida transparência e consentimento. A LGPD, embora exista, parece não ser suficiente para coibir práticas inadequadas que ainda persistem. A sensação de que ?nossos dados não valem nada? ressoa entre aqueles que se sentem enganados por uma legislação que não se concretiza em ações efetivas.
Além disso, a cultura de segurança da informação ainda é frágil no Brasil. Muitas empresas tratam a LGPD como um mero checklist, uma obrigação a ser cumprida para evitar multas, sem compreender seu verdadeiro propósito. Enquanto isso, os malwares e as práticas de phishing continuam a proliferar, colocando em risco os dados pessoais de milhões. O que deveria ser uma proteção se torna um campo de batalha, onde o cidadão comum se vê exposto às armadilhas digitais sem qualquer suporte.
Por fim, a LGPD representa uma oportunidade para reavaliar a relação entre consumidores e empresas, mas é preciso que ela vá além das letras miúdas e se torne uma realidade palpável. A luta pela proteção de dados deve ser contínua e envolvente, promovendo uma mudança cultural que priorize a privacidade e a segurança. A pergunta que devemos fazer é: estamos prontos para essa transformação ou continuaremos a viver na ilusão de que a legislação sozinha resolverá nossos problemas? O futuro da privacidade no Brasil depende de nós.