Certa vez, uma conhecida me procurou via WhatsApp, sem mais nem menos, para perguntar se um paciente tinha cadastro na clínica. Quando respondi que não era apropriado compartilhar essa informação e sugeri que ela entrasse em contato diretamente com a agência, a resposta foi: "Era só curiosidade!" Essa simples frase me fez refletir sobre a falta de entendimento que muitos têm em relação à LGPD. Não se trata apenas de uma questão de formalidade; é uma questão de ética e respeito pela privacidade do outro. E o que parece ser uma simples curiosidade pode ter consequências muito mais graves.
A irritação com a coleta desenfreada de dados é um sentimento compartilhado por muitos. A sensação de que não temos controle sobre nossas informações é palpável. Recentemente, uma amiga expressou seu descontentamento em relação à escola dos filhos, que, em parceria com empresas de tecnologia, estava coletando dados sem a devida transparência. "Não vejo motivo para fornecer informações dos meus filhos", disse ela, refletindo a frustração de muitos que se sentem desprotegidos em um cenário de constante vigilância. Essa é uma realidade que precisa ser confrontada e regulamentada.
A LGPD deveria ser mais do que uma sugestão; deveria ser uma norma respeitada e aplicada. O que mais me preocupa são os relatos de pessoas que, após abrir um chamado em uma operadora, começaram a receber mensagens de outras empresas sobre o mesmo assunto. Isso não é apenas uma violação da privacidade, mas também uma demonstração clara de que as empresas ainda não entenderam o verdadeiro significado da proteção de dados. A lei existe, mas será que as organizações estão dispostas a respeitá-la de fato?
Esta batalha pela privacidade é, sem dúvida, um reflexo da nossa sociedade cada vez mais digital. Precisamos urgentemente transformar a forma como encaramos a coleta de dados, promovendo um entendimento mais profundo sobre o que significa realmente proteger nossas informações. A LGPD é um passo importante, mas apenas se aplicada de maneira séria e efetiva. A luta por nossos direitos de privacidade está apenas começando, e cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa batalha.