A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi criada com o intuito de resguardar a privacidade dos cidadãos, garantindo que as empresas tratem os dados pessoais com responsabilidade e transparência. No entanto, a realidade que muitos enfrentam é bem diferente. O que deveria ser uma proteção se transforma em uma ferramenta de coação, onde a única opção para obter um serviço é submeter-se a um formulário que mais parece um labirinto. Essa contradição revela uma falha crítica na aplicação da lei: consentimento não é sinônimo de pressa ou pressão.
Grandes empresas, como ByteDance e Uber, foram obrigadas a se adaptar às exigências da LGPD, após serem pressionadas por órgãos reguladores. Elas abriram novos canais de comunicação com os usuários, mas será que essas mudanças realmente refletem um compromisso genuíno com a proteção de dados? Ou são apenas ações superficiais para evitar penalidades? O que se vê é um cenário em que a conformidade parece ser uma formalidade, enquanto a verdadeira proteção dos dados pessoais ainda está distante da realidade.
A sensação de que as empresas não levam a sério a privacidade dos seus clientes é amplificada quando casos de vazamentos de dados se tornam comuns. Recentemente, um parceiro da XP foi acusado de expor informações pessoais de clientes, e a resposta foi a típica promessa de conformidade com a LGPD, que muitas vezes soa vazia. Como disse a icônica Rita Lee, "eu que se foda né" parece ser o lema adotado por muitas organizações, que tratam a questão da proteção de dados como um mero detalhe administrativo.
Neste contexto, é crucial que os consumidores se tornem mais conscientes de seus direitos e que as empresas revejam suas práticas. O consentimento deve ser uma escolha informada, não uma imposição disfarçada. A LGPD precisa ser mais do que uma etiqueta a ser cumprida; deve ser um compromisso real com a ética e a responsabilidade. Somente assim poderemos garantir que a privacidade e a dignidade dos cidadãos sejam respeitadas, e que o consentimento deixe de ser uma mera formalidade em um sistema que ainda precisa evoluir.