A Mão Invisível das Big Techs: A Luta pela Privacidade na Era Digital

Como as mudanças na legislação podem impactar a proteção de dados dos cidadãos brasileiros.

15/09/2025 07:01
Em um mundo cada vez mais conectado, a privacidade dos dados pessoais se tornou um dos temas mais debatidos da atualidade. Com a tramitação de pelo menos 73 projetos de lei nas câmaras do Brasil, que visam alterar o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a questão se torna ainda mais urgente. A maioria dessas propostas surge das mãos de parlamentares ligados a partidos alinhados à direita, sinalizando uma possível influência das grandes empresas de tecnologia na regulação das plataformas digitais. Essa dinâmica levanta a pergunta: quem realmente está protegendo os dados dos cidadãos?

Recentemente, o caso de um aplicativo de relacionamento, que expôs dados sensíveis de suas usuárias, trouxe à tona a fragilidade das medidas de segurança em plataformas digitais. Os relatos de que informações como nome, e-mail e fotos estavam disponíveis para acesso indevido, mesmo após a exclusão do app, demonstram uma alarmante violação da LGPD. Esse episódio evidencia a falta de preparação e responsabilidade das empresas em relação à proteção de dados e nos faz questionar até que ponto os usuários estão cientes dos riscos que correm ao utilizar esses serviços.

Além disso, a demissão de funcionários em grandes instituições financeiras, como o Itaú, expôs ainda mais o dilema do monitoramento digital. A prática, que pode gerar passivos ocultos e comprometer a confiança entre empregadores e empregados, levanta discussões sobre o limite do controle sobre os dados pessoais. A LGPD, que deveria servir como um escudo contra abusos, parece estar sendo ignorada em muitos casos, deixando os cidadãos vulneráveis às manobras de empresas que abusam de sua posição no mercado.

O cenário se complica ainda mais quando consideramos as condições impostas por certos aplicativos, que exigem dos usuários a entrega total de seus dados em troca de acesso aos serviços. A necessidade de marcar todas as caixas de consentimento para utilizar um recurso básico é uma prática que, além de antiética, pode configurar uma violação clara da LGPD. Essa situação não apenas compromete a privacidade, mas também transforma a relação entre usuários e plataformas em uma troca desigual.

Diante desse cenário, fica evidente que a proteção de dados no Brasil passa por um momento crítico. As grandes empresas de tecnologia, muitas vezes, atuam como a mão invisível que controla e manipula as regras do jogo, enquanto os cidadãos lutam para garantir seu direito à privacidade. A LGPD foi um passo importante, mas é preciso que sua aplicação seja efetiva e que as empresas sejam responsabilizadas por suas ações. Caso contrário, a confiança que fundamenta o uso das tecnologias digitais pode ser irremediavelmente perdida.