A LGPD foi criada com o intuito de proteger os cidadãos brasileiros da coleta excessiva e do uso inadequado de dados pessoais. No entanto, a proposta de exigir dados biométricos para acesso à internet parece não apenas desconsiderar os princípios da lei, mas também violar direitos fundamentais. Muitos se perguntam: quem realmente se beneficiará com essas medidas? A resposta pode ser desconcertante: não somos nós, cidadãos, mas sim as corporações que lucram com a coleta indiscriminada de informações.
O cenário se complica ainda mais quando consideramos que o processo de verificação de identidade pode ser definido pelo governo, e não pelas grandes empresas de tecnologia. Isso levanta um ponto crucial: se as leis brasileiras de proteção de dados não forem respeitadas, a privacidade do cidadão fica em risco. A proposta de utilização de plataformas como o gov.br para validar identidades poderia ser uma solução, desde que garantisse o não rastreamento de nossas informações pessoais. No entanto, a realidade é que a desconfiança em relação às instituições é palpável, e muitos acreditam que essa proposta é uma armadilha.
Um verdadeiro paradoxo emerge: enquanto tentamos proteger nossa privacidade, a pressão por mais segurança parece nos empurrar para um abismo de vigilância. Em um momento em que a LGPD deveria ser um escudo contra abusos, a proposta de verificação de identidade parece mais um convite ao descaso. A sociedade precisa urgentemente discutir até onde estamos dispostos a ir por uma segurança ilusória, que pode, na verdade, nos deixar mais vulneráveis.
Portanto, a luta pela privacidade não é apenas uma questão legal, mas uma questão de dignidade humana. Precisamos reavaliar os limites entre segurança e liberdade, e assegurar que a LGPD não se torne apenas uma letra morta, mas sim uma ferramenta eficaz para proteger os direitos dos cidadãos. À medida que avançamos nesse debate, devemos nos lembrar de que a verdadeira segurança não vem da entrega de nossos dados, mas sim da confiança nas instituições que devem nos proteger.